sábado, 6 de agosto de 2011

The King of Fighters 94

Esse é um relato de um ex-viciado. Tudo se iniciou no ano de 1994, época na qual os consoles caseiros eram artigos pouco comuns nos lares de pessoas da classe baixa e muitos garotos tinham que frequentar bares e fliperamas para jogar os famosos Arcades. Meu irmão e eu sempre frequentávamos esses tipos de lugares escondidos da minha mãe para jogarmos os jogos mais clássicos de porrada como Mortal Kombat e Street Fighter 2. Uma vez ou outra algum amigo nos acompanhava.
E um belo dia quando fomos a um barzinho da esquina, aquele ali próximo à padaria, encontramos duas maquinas de Arcade. Uma delas era Street Fighter 2 e a outra era um jogo até então desconhecido. Fomos no interesse de jogar Street Fighter 2 porque havia algo diferente, como por exemplo, o Hadoken do Ryu era duplicado, ou alguma diferença do gênero que era comum na época. Eu ficava vendo alguns garotos jogar a outra máquina e logo achei interessante o jeito do jogo. Era um jogo de porrada, mas você podia jogar com um time de três personagens, cada time representando um país. Então comecei a encher o saco do meu irmão e do nosso amigo para jogarmos aquele jogo que tinha um visual e jeitão diferente de todos os jogos que já havíamos jogado.
Foi aí que aquela cartinha rodopiante que era esmagada por um punho flamejante na abertura do jogo acabou conquistando três novos jogadores. O nome desse jogo tão fascinante? The King of Fighters 94. Nós sempre jogávamos um contra o outro para não correr o risco de algum outro garoto entrar no segundo controlador e nos humilhar, pois éramos péssimos jogadores, mas quando ficávamos apenas com uma única ficha, jogávamos contra o computador.
Nessas oportunidades nós jogávamos com o time da Korea. Eu pegava o primeiro round com o Choi Bounge , meu irmão pegava o segundo round com o Chang Koeman e nosso amigo pegava o terceiro round com o Kim Kaphan. Porém os outros personagens também eram escolhidos por nós uma vez ou outra.
Foi graças a esse jogo que conhecemos a trupe de Fatal Fury, nos deixamos encantar com o trio de garotas de England (eu sempre me amarrei na King, acho ela demais) e aprendemos a odiar o time do Brasil (esses caras são muito chatos. Isso sem contar que a música do cenário deles lembra descaradamente “Surprise you’re dead” do Faith no more). Eu com meus dez anos odiava admitir, mas sim cara, eu estava completamente viciado em The King of Fighters 94 e não era um simples vício de jogar bem não, mesmo porque eu era um péssimo jogador, mas um vício que quase me escravizou. Eu e meu irmão investíamos todo o dinheiro que ganhávamos na compra de fichas para jogar (elas custavam apenas R$ 0,25. O mesmo preço de um jornaleco aqui de Minas), isso sem contar a vontade devastadora que eu sentia ás vezes de matar aula apenas para ficar jogando (isso nunca chegou a acontecer graças à rigorosa educação que minha mãe me deu), até o dia que minha mãe descobriu as nossas fugas no período em que ela estava trabalhando e a existência da viciante máquina.
Após um belo sermão, ela nos permitiu ir jogar pela última vez. Ela temia que a coisa pudesse fugir do controle (o que poderia realmente acontecer) e para que eu e meu irmão pudéssemos satisfazer nossa vontade por completo, ela nos deu uma boa quantidade de dinheiro (uns R$5,00 que na época parecia ser muito) para comprarmos bastantes fichas e jogarmos até dizer que chega. Após isso, ficamos muito tempo sem chegar perto daquele bar e depois de mais um tempo, o dono retirou o Arcade de The King of Fighters 94 do bar. Depois disso, eu joguei vários outros jogos em vários tipos de console diferentes, mas não me lembro de nenhum que conseguiu arrebatar um forte vício em mim. E depois de muito tempo (principalmente depois que adquiri o meu primeiro vídeo game), eu acabei vendo que vídeo game não é tudo e que há coisas na vida com uma importância maior. Hoje não jogo com a mesma voracidade de antigamente, mas guardo bem na memória o tempo no qual fui um perfeito viciado e como nem tudo terminou de maneira desastrosa para mim, por isso posto aqui um pouco dessa recordação.
Por um lado indico esse jogo porque ele é muito bom, mas por outro deixo o meu alerta. Jogar vídeo game pode ser divertido e na verdade não é totalmente prejudicial, mas tudo que é demais não presta. Então jogando com moderação, tudo vai ficar bem. Procure sempre variar em suas atividades e desenvolver novas habilidades, porque jogar vídeo game por mais divertido que seja não irá pagar suas contas e não resolverá seus problemas. E lembre-se, todo vício leva as pessoas a caminhos devastadores, eu descobri isso na hora certa, não deixe essa hora passar se você ver que está exagerando de alguma forma. Fim do relato.

 


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