domingo, 11 de janeiro de 2015

O Grande Desafio


Toni é um Rapaz como tantos outros de sua idade. Bom aluno, gosta de natação, de computadores e está apaixonado por uma garota que não sabe como conquistar. Quando testemunha a prisão de Seu Afonso, pai de Carla decide desvendar o mistério por trás do acontecido. Com muita coragem e determinação, Toni deverá superar obstáculos para desvendar a verdade. O que não imaginava era que essa descoberta o levaria em direção a grandes problemas.
Quando li a sinopse não tive dúvidas em querer comprar esse livro. Naquele dia eu estava dando uma volta pela livraria sem muito dinheiro para gastar. Estava com peso na consciência por ter comprado mais Cd’s do que pretendia. O que resultou em ter verba para apenas um único livro. Foi com muita satisfação que escolhi comprar “O Grande Desafio”. Só não imaginava o que encontraria. Acreditava que teria algo agradável para desfrutar, somente por esse ser mais um livro do meu autor favorito, mas acabei surpreendido. Pedro Bandeira é o tipo de autor com a capacidade de me prender a seus livros.
Com “O Grande Desafio” algo que me chamou atenção foi o fato de o autor não revelar abertamente o drama vivido por Toni. Somente lendo a sinopse do livro não dá para adivinhar que o protagonista é deficiente visual (acho que fiz um spoiler, mas tudo bem, isso já é revelado nas primeiras páginas mesmo). Talvez a ausência dessa informação tenha sido proposital. O que em minha opinião foi uma jogada de mestre.
Foi uma maneira sutil de ir contra uma possível descriminação. Calma que já explico. Assim como muitas pessoas poderiam ter pena do protagonista ao ler a sinopse, muitos outros tratariam essa obra com descaso acreditando que a trama em si não teria graça. Só que o enredo por trás de “O Grande Desafio” é algo completamente surpreendente.
Desde as primeiras páginas a ação corre solta e sem nenhuma enrolação. Como leitores logo nos vemos envolvidos com a trama, assim como logo nos revoltamos com a injustiça vivida por Seu Afonso. Um senhor trabalhador e honesto que é praticamente forçado a confessar um crime que não praticou para proteger a integridade de sua família. Uma chantagem cretina que é praticamente enfiada garganta abaixo do homem. O pior é saber que esse tipo de coisa acontece na vida real com mais frequência do que se imagina.
Outro dia mesmo estava vendo na Tv uma matéria jornalística mostrando pessoas que foram presas erroneamente e que agora tentam levar uma vida normal e provar sua inocência. Mas esse é tema para outro tipo de discussão. Algo mais politizado. Que levante questões de direitos humanos que, no Brasil, protegem mais aos bandidos do que as pessoas de bem.
Voltando a falar do livro, Toni é um personagem muito inteligente e altamente corajoso que durante todo o tempo não fica se limitando por ser cego. Pelo contrário, é ele quem insiste em lutar com toda sua força para fazer justiça. Só que a prisão de Seu Afonso se revela ser algo muito pequeno perto da verdadeira intenção dos bandidos. Tudo se torna altamente perigoso para Toni, sua mãe Marta, para Carla e também para o cãozinho Chip, que se mostra tão destemido quanto seu dono. A vida de todos é colocada em risco.
Mesmo sem ter a deficiência visual de Toni como plano central da trama, esse assunto mostra sua importância até mesmo no suplemento de leitura. Bem no finzinho a atividade especial incentiva o leitor a escrever uma carta endereçada a alguma autoridade convidando-a a ajudar na aquisição de cães-guias para portadores de deficiência visual, uma vez que o treinamento dos mesmos é algo complicado de se conseguir. Achei altamente válido esse serviço social.
Minhas considerações finais sobre essa obra são positivas. Esse é o tipo de leitura que uma vez iniciada não se consegue interromper facilmente. Com um texto ágil e de fácil assimilação o conjunto da obra proporciona um bom momento de lazer para qualquer tipo de leitor. As ilustrações da atual edição também não ficam por fora. Os traços levemente detalhados de Kris Zullo conseguem implementar um clima todo especial. Parabéns a todos que trabalharam arduamente em cima dessa obra. Essa é mais uma recomendação minha, mas desde já advirto, devore com moderação.

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