Toni é um Rapaz como tantos outros de sua
idade. Bom aluno, gosta de natação, de computadores e está apaixonado por uma
garota que não sabe como conquistar. Quando testemunha a prisão de Seu Afonso,
pai de Carla decide desvendar o mistério por trás do acontecido. Com muita
coragem e determinação, Toni deverá superar obstáculos para desvendar a
verdade. O que não imaginava era que essa descoberta o levaria em direção a
grandes problemas.
Quando li a sinopse não tive dúvidas em
querer comprar esse livro. Naquele dia eu estava dando uma volta pela livraria
sem muito dinheiro para gastar. Estava com peso na consciência por ter comprado
mais Cd’s do que pretendia. O que resultou em ter verba para apenas um único livro.
Foi com muita satisfação que escolhi comprar “O Grande Desafio”. Só não
imaginava o que encontraria. Acreditava que teria algo agradável para desfrutar,
somente por esse ser mais um livro do meu autor favorito, mas acabei
surpreendido. Pedro Bandeira é o tipo de autor com a capacidade de me prender a
seus livros.
Com “O Grande Desafio” algo que me chamou
atenção foi o fato de o autor não revelar abertamente o drama vivido por Toni.
Somente lendo a sinopse do livro não dá para adivinhar que o protagonista é
deficiente visual (acho que fiz um spoiler, mas tudo bem, isso já é revelado
nas primeiras páginas mesmo). Talvez a ausência dessa informação tenha sido
proposital. O que em minha opinião foi uma jogada de mestre.
Foi uma maneira sutil de ir contra uma
possível descriminação. Calma que já explico. Assim como muitas pessoas
poderiam ter pena do protagonista ao ler a sinopse, muitos outros tratariam
essa obra com descaso acreditando que a trama em si não teria graça. Só que o
enredo por trás de “O Grande Desafio” é algo completamente surpreendente.
Desde as primeiras páginas a ação corre
solta e sem nenhuma enrolação. Como leitores logo nos vemos envolvidos com a
trama, assim como logo nos revoltamos com a injustiça vivida por Seu Afonso. Um senhor trabalhador e honesto que é praticamente forçado a confessar um crime
que não praticou para proteger a integridade de sua família. Uma chantagem
cretina que é praticamente enfiada garganta abaixo do homem. O pior é saber que
esse tipo de coisa acontece na vida real com mais frequência do que se imagina.
Outro dia mesmo estava vendo na Tv uma
matéria jornalística mostrando pessoas que foram presas erroneamente e que
agora tentam levar uma vida normal e provar sua inocência. Mas esse é tema para
outro tipo de discussão. Algo mais politizado. Que levante questões de
direitos humanos que, no Brasil, protegem mais aos bandidos do que as pessoas
de bem.
Voltando a falar do livro, Toni é um
personagem muito inteligente e altamente corajoso que durante todo o tempo não
fica se limitando por ser cego. Pelo contrário, é ele quem insiste em lutar com
toda sua força para fazer justiça. Só que a prisão de Seu Afonso se revela ser
algo muito pequeno perto da verdadeira intenção dos bandidos. Tudo se torna
altamente perigoso para Toni, sua mãe Marta, para Carla e também para o
cãozinho Chip, que se mostra tão destemido quanto seu dono. A vida de todos é
colocada em risco.
Mesmo sem ter a deficiência visual de Toni
como plano central da trama, esse assunto mostra sua importância até mesmo no
suplemento de leitura. Bem no finzinho a atividade especial incentiva o leitor
a escrever uma carta endereçada a alguma autoridade convidando-a a ajudar na
aquisição de cães-guias para portadores de deficiência visual, uma vez que o
treinamento dos mesmos é algo complicado de se conseguir. Achei altamente
válido esse serviço social.
Minhas considerações finais
sobre essa obra são positivas. Esse é o tipo de leitura que uma vez iniciada
não se consegue interromper facilmente. Com um texto ágil e de fácil
assimilação o conjunto da obra proporciona um bom momento de lazer para
qualquer tipo de leitor. As ilustrações da atual edição também não ficam por
fora. Os traços levemente detalhados de Kris Zullo conseguem implementar um
clima todo especial. Parabéns a todos que trabalharam arduamente em cima dessa obra.
Essa é mais uma recomendação minha, mas desde já advirto, devore com moderação.
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