A vida da jovem Esmeralda parecia estar caminhando
positivamente quando a garota de quinze anos acaba sendo sequestrada
erroneamente por três perigosíssimos bandidos que ao que parece, haviam fugido
da prisão. A vida da jovem passa então por um enorme risco nas mãos de Frolô,
Centiquatro e Pexebôi, que esperam receber uma quantia generosa em dinheiro
pelo resgate da “rica” garota. Levada para o cativeiro situado em um lugar
conhecido como “O Vale dos Mortos”, ela é mantida sobre a vigilância do estranho
Bicho Preto. Um homenzarrão que tem deformidades físicas geradas possivelmente
por problemas no parto. Enquanto o tempo corre, a vida da garota passa por
verdadeiros momentos de terror. Até que percebe que de todos os horripilantes
bandidos, o que menos lhe apresenta ameaça é justamente o deformado Bicho
Preto. Após um longo período de desespero e com a calma já recobrada, Esmeralda deixa
de ver o rapaz como uma aberração e o passa a olhar de uma maneira mais humanizada.
O sentimento que gira em torno desses dois personagens não é exatamente algo
como o a Síndrome de Estocolmo, onde a pessoa mantida em cárcere se vê
afetivamente ligada a seu algoz. Mesmo porque o sentimento que os envolve está
mais para ternura mesmo do que necessariamente paixão.
Essa é mais uma versão de Pedro Bandeira para um
clássico da literatura mundial, o livro “Notre-Dame de Paris” (Nossa Senhora de
Paris), do francês Victor Hugo. Mas que é popularmente conhecida por aqui
através da adaptação da Disney da mesma obra, sobre o nome de “O Corcunda de
Notre Dame”. Eu não assisti a versão da Disney porque confesso ter um pouco de
aversão aos trabalhos da empresa. Assim, não posso fazer uma comparação das
duas obras. O que posso dizer sobre esse livro, é que ele traz a já conhecida
essência dos livros de Pedro Bandeira. Ação desenfreada que se inicia logo nas
primeiras linhas do texto com muito mistério e um final com gostinho de quero
mais.
O livro em si é curto e de facílima assimilação.
Dinâmico e direto possibilita o leitor a devora-lo em poucas horas. Achei
interessante o autor ter “preenchido” alguns espaços com os pesadelos de
Esmeralda. O que ajudou a acrescentar o clima de suspense na trama. Como a
história se mostra um tanto imprevisível, em alguns momentos me vi especulando
o que poderia acontecer logo à frente. Fiquei imaginando quem seria o
verdadeiro mandante daquele crime e como terminaria tudo. Também após ler a
última palavra, fiquei com a curiosidade de saber o que poderia acontecer
depois.
O
livro traz a tona um assunto que de certa forma já é um tanto clichê. A maneira
como as pessoas costumam julgar umas as outras apenas pela aparência. No caso
da trama, Bicho Preto, que é o feio, é visto justamente como uma espécie de
monstro. Já a bela Esmeralda é vista como “a garota rica” apenas porque estava
bem aparentada no momento em que fora sequestrada. “O Medo e a Ternura” permanece com uma trama bem contemporânea.
Atualmente algumas mulheres (atrizes, modelos e afins) se rendem a ditadura
estética. Ditando modas, incentivando a todos a buscarem a perfeição física
apenas por vaidade. A sutil lição de moral que fica ao ler o livro é aquilo que
todos já estão cansados de saber, mas dificilmente praticam. A beleza que
realmente importa é a interior. Mais uma recomendação que faço com toda
sinceridade.
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